segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Arte secreta





Inspiração é assobio:
Assopra que passa.


O poema reluziu!

Uma faísca só lá si
Mesmou
Tão ensimesmado mesmo
Que já o dizia bem-acabado.

Assim.
Como um girassol todo entregue ao abajur,
Esperava escrever um Sol
Lá sim...

Que dó.

Prisioneiro sem combustão
Ao tentar incendiar tal emoção
Neurônios queimados se foram em vão
Estrofeados e fáceis e sós
E dóceis num esforço de música e rima

- E nada tinha de obra a prima -

O poema reluziu.

Coitado. Tinindo
Em plena meia-noite
Pronto a ser timbrado
Pela eternidade afora... aforismos.

Páginas e páginas amassadas?
Jamais,
A arte deste bem eram artes encasquetadas
Que escapavam aguadamente sob a testa,
Num suor que apagava as velas de sua insônia.

O poema reluziu sua faísca de sono e cura:
O anônimo a desejar heteronômios, pseudônimos, verbos de ligação,
Espirituosas orações, numa linda noite sacerdotal quando, literalmente, dormiu:
O poema reluziu verbetes inconcebíveis, rimas incontroláveis, pronomes inumeráveis -
Na canção de ninar de um poema que ninguém nunca viu.