quinta-feira, 23 de junho de 2016

Milágrima


O Espírito Santo me contou que a Vitória é uma ilha.



Em regrado pecado atrevi,
Olhei  nos olhos da virgem.
Fui capaz, e sem rezar, me compadeci,
Esperei por horas que chorasse, a intocável.
Ela chorou, e de chorar (o mundo), ela pariu!
(Incontinente!) 

Seus filhos escorregaram de sua natureza,
Afoitos, sucessivos, desprendidos, muitos!
Escorregavam como as lágrimas primeiras
(Feras imaculadas, o sal do céu, a terra)
Ao pé de mim, bebês de amor.

Ela riu. Eu, rio,
Chorei no espanto das leis quebradas:
- Filhos da dor sem dor? -

Compreendi

A santa não podia sequer piscar,
Era Libido e  Fecundidade Total, 
Engravidava do ar, do mofo do assoalho,
Dos burburinhos, das flores: do meu olhar.
Não tinha escrúpulos a sua matéria,
Elo desregrado:
Ela.

Saí, escrupulosa, e até hoje estou ninando as feras.