domingo, 20 de agosto de 2017

Carta à Mãe



Como se fosse a mãe (e é
me deu a luz e mais:
dá-me à luz, ao sol, ao mar 
das possibilidades, e sonha o sucesso, 
brinde eterno que beberemos.

Olha-me como se eu estivesse no colo (e estou),
alimenta-me, embala-me em doçura
firme e não me deixa cair
(deixe-me cair!).

Trata-me como se eu ainda fosse 
uma criança (que sou),
e castiga-me a sua braveza - eu choro 
pois você também é  criança para meu amor.

E como se eu não soubesse falar (e não sei
troco todas as palavras, você entende pouco, 
mesmo assim quer falar comigo a minha língua 
por isso expressa a confusão expressa.

Discordo como se eu fosse a sua filha (e sou),
mesmo assim você cata os piolhos da minha cabeça,
agradeço, pareço aborrecida - agradeça -
eu não te conto como perdura em mim a memória da coceira,
e não há o que fazer.

O segredo é não fazer.

Afasto-me um pouco, pois preciso diferenciar-me para viver,
não me segure, preciso ir um pouco (e vôo), 
assim posso enxergá-la bem melhor e saber por que voltar (e volto).
E como se fosse de Propósito (e é) ensina-me a ser livre
Para que você possa descansar (e se cansa!).

Discordo como se eu fosse a mãe (que sou),
silencio como se você fosse a filha (que é)
e é preciso crescer o perdão para se aproximar:
estamos quase lá (e lá estamos).
É preciso crescer em perdão para se aproximar,

e como se fossemos adultas nos alcançamos,
e como se fossemos crianças nos perdoamos
(ainda quentes)

no sereno do mundo.

sábado, 19 de agosto de 2017

Nudez sem medida




Minhas roupas estão em greve:
Não me servem mais.

Minhas roupas já não me servem mais
E o meu peso é o mesmo.

A esmo carrego a minha nudez
Sem funcionário.

terça-feira, 15 de agosto de 2017





Eu pensei que te beijava,
 mas era concreto.