De Daiane Correia
do timbre do seu corpo
que pouco percuti
ainda ressoam harmônicos
que tocam-se e entre si,
partenogênese,
vibro de novo e novo de...
reprodução-estranha-imaginária,
coisa aracnídea
nasce de pronto em mim
difícil controle de população
minúsculas giraias viradas
em tônica e recomeço
quantos filhos já “fizemos” e ainda
não te sorvi
pena (ou orgulho)
de quem não fode e tem parto
que vontade de comer o coração da
noite usando seu peito de prato.
sexta-feira, 21 de junho de 2019
quarta-feira, 19 de junho de 2019
Castelo
No instante em que irritar-se com alguém
lembre-se de que você também
está nesse jardim de infância
chamado planeta Terra.
No instante em que
for revisitar antigas feras,
encha de areia o seu baldinho,
faça um castelinho, veja ele ruir,
sem precisar de nenhuma guerra.
Antes de apertar o gatilho,
lembre-se de não matar as crianças
ou qualquer um que ainda não saiba andar
- nem você se aguenta em pé, sempre caindo.
(matar o outro é um tiro no pé).
Antes de estrangulá-lo até o fim,
verifique se você já aprendeu
a se limpar sozinho, se ainda usa fraudas
ou fraudes, tanto faz, você está sujo de merdas
- não tenha medo -
vá usar o penico, não aperte esse gatilho,
já está quase na hora do lanche,
respire, faça uma pausa,
a faca é para cortar o pão.
Chore um pouco se precisar, bebezão,
troque as figurinhas, troque de coleguinhas,
lembre-se da mamãe.
Eu sei, você está cansado, querido,
ainda não sabe falar, quiçá conversar
e pedir para dormir, mostra a língua,
ninguém entende essa sua língua pouca,
e você tem que berrar bem alto
no ouvido de seus pais e apontar o dedo
para o seu irmão, seu espelho bonito,
quebrando tudo, bem militar,
bem juiz e presidente do parquinho,
sem nem mesmo saber se presidir.
É bem assim.
Observe seu colega de classe.
Da mesma classe, mais ou menos rico ou pobre
e na mesma classe que você, na mesma série.
Mais novo, mais velho, e na mesma classe.
Aluno mestre e professor aprendiz, na mesma classe
- Preste atenção à chamada, e ao chamado observe o seu coração.
Eu sei, você quer fazer dramas, ser atuante,
ser mais que uma árvore,
afinal viver também é matricular-se
no curso de teatro, e o desejo
é o desejo de protagonizar.
Mas,
Espere,
respire antes, e
no instante em que.
Faça um castelinho, observe.
Segure a minha mão,
Você já sabe escrever seu nome?
(A onda vai bater)
Os brinquedos não são seus,
estão com você.
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