Cara feia para mim é nome.
Coberto de lixo,
de sujeira,
das sujeiras
de todos
os anos,
de todos
os tempos,
despropósitos, datas vencidas, abandonos,
porão dos pretéritos,
cavalga nos cordões do aborto,
e grita impropérios, translúcido:
Esse é meu império!
Em pé, soldados e sentidos!
Eu fui coroado rei e vocês são
meus súditos!
Maus súditos, malditos sãos!
Sujos!
Já se esqueceram de mim?
Ingratidão!
Por que me ignoram?
Sou mau? Maltrapilho?
Vistam-me do eterno de linho,
então
E retirem-se do meu jardim,
é proibido pisar na grama.
Por isso me deito.
O cúmulo dos anos choveu sobre
mim,
Por isso o céu está limpo para
vocês,
Mas EU não vejo o sol.
As pombas ciscam o meu fim,
Evitando que eu me acabe.
Sou osso duro de roer,
Nem a terra me há de comer,
que sou o dono da fome, mando e
desmamo
e não há outro nome além d´Homem,
que eu nunca fui um bebê.
Esse é meu império!
Retirem-se do meu jardim.
Por que me ignoram? De nojo e de novo?
Caminham sobre a minha cama,
no meu cômodo não tem hora,
tudo para mim é incômodo, e você é que chora?
Cuidem, pois se eu não pedir, vocês não podem impedir:
Caminham sobre a minha cama,
no meu cômodo não tem hora,
tudo para mim é incômodo, e você é que chora?
Cuidem, pois se eu não pedir, vocês não podem impedir:
Eu brinco de reorganizar os
destinos
mexendo na lata de lixo: é melhor
me alimentar...
mexendo na lata de lixo: é melhor
me alimentar...