terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Original








Eu sei que existe, vou lhe contar, a calma
delicadeza de espera e esquecimento.
Espera e esquecimento,
espero o esquecimento,
esqueço a espera: aqueço
o direito de existir.

Existe um momento, um falso pacífico,
um instante onde Ela vive: no meio
da noite mas não exatamente no meio,
vem sem aviso, uma uva, uma ova,
medida ínfima, íntimo instante
donde torno-me donzela,
donde é possível resgatá-la,
abdicar do trono e por isso mesmo ser coroada.

Veste como uma luva nova o hímen eventual
saída para a unidade, e entrada para a umidade,
o retorno, a curiosidade interior, o seu entorno
virgem original, cavalga 
na pureza e natureza dos primórdios:

E recomeça,
e retorno-me,
donzela: Original e máxima!
Um segundo em que se esquece dos homens
e se é lembrada por eles.

Num instante, num segundo (ou dois)
de existência pura, que perdoa, mas não perdura:
Que doa!
Seu destino é entregar-se
(ou ser destruída).

Cavalga, cavalga no meio da mata
virgem que nasceu para vingar
as boas serpentes, que não sabem
e sabem esperar.

A donzela só existe à noite:
Se você não a tocou, o sol a irá tocar,
extrair sua música.









domingo, 2 de fevereiro de 2020











Todos os poemas são de amor.
De norte a sul,
Das gemas às algemas,
Do sim ao fim,
Do não ao sem fim.

Todos os poemas são de amor,
Na fé,
No cabaré,
Na dor, na dó ao nó
do amor
poema é nódoa de manga,
manja?

Ama quem escreve, ama quem lê.
Escritor ama de leite, alimento, amô.
Lê?