sábado, 20 de maio de 2023

Nem tudo são flores




Nem tudo são flores!
Tem de tudo.

- e de tudo floresce,
até você, peste.





Às vezes é dureza aceitar a variedade. 
Nem tudo são flores, às vezes são folhas! 
(raízes, sementes, galhos, formigas, 
abelhas, pólens e floemas, terra e céu,
 
frutos, verdes ou maduros, pseudofrutos
e aqueles que não se sabe, e aqueles não se vê...
Pássaros, ovos, cobras - inofensivas ou venenosas, 
não reprovarei as diferenças, 
mas não sairei a procura de espinhos, contemplo, sei que existe. 

E de tudo existe. Nem tudo são flores, às vezes são folhas! Têm os poemas, e os leões que rasgam os poemas. Para que escreva outro.

Às vezes é mato seco, mas mato não nasce seco - num dia são folhas verdes, noutro dia esterco, e veja você bem ou não, em qualquer lugar do mundo, os insetos se intrometem, vermes, mofo, e a rebentação das baratinhas e das baratonas noturnas, cupins silenciosos celebrando a abundância que também lhes compete: a existência!

Nem tudo são flores, querida, e ainda assim, farás o seu melhor. 
Às vezes um detalhe, às vezes um escândalo, 
sendo você mesma, uma floresta.

Reintegre-se à realidade, sem se excluir, nem a excluir. 
Sabendo que a Perfeição está tranquila, e continuando a caminhar, prossegue. 
E a Imperfeição se revira no túmulo do que não consegue.

Tudo são flores.
Faça bom proveito.