Oh! Sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
Que o nosso avô português?
Oh ! sejamos navegantes
Bandeirantes e guerreiros
Sejamos tudo que quiserem
Sobretudo pornográficos.
A tarde pode ser triste
E as mulheres podem doer
Como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).
Teus amigos estão sorrindo
De tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
Fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
Que o melhor é ser pornográfico.
Propõe isso a teu vizinho,
Ao condutor do teu bonde,
A todas as criaturas
Que são inúteis e existem,
Propõe ao homem de óculos
E à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
Não quereis ser pornográficos?
carlos drummond de andrade
segunda-feira, 27 de abril de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
Engraçado como os sofrimentos insistem em se dizerem bons, em se dizerem ótimos professores da vida e trá-lá-lá. E como as coisas boas insistem em se auto-denominarem ilusão. Eu juntaria as duas coisas e chamaria de ponto de interrogação. Adicionaria um travessão e diria: espere sentado minha aceitação. Isso não tem graça.
(Talitha Borges)
(Talitha Borges)
domingo, 12 de abril de 2009
Uma certa verdade universal....
- Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
sábado, 11 de abril de 2009
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Mecanização humana
Eis a prova.
Viva de nossa mecanização.
A mudança de rotina
Enlouquece.
Robôs.
Trei-na-dos
Para fazer tudo igual
E perfeito.
Tudo igual
Tudo igual
Igual a tudo
Inpedindo-se os erros,
Controlando-os
Por programas humanos
Desumanos.
Fios cortados.
Pane. Pa-ne.
Alguém se lembra?
PANE.
O dinheiro enobrece
O homem.
Lem-bre-se.
Tudo igual.
Alguém se lembra?
Falta óleo
Engrenagens emperradas.
Falta de energia
Persona-calorífica.
Luz...
Acende-se
Apaga-se.
Dorme. Não esquece.
Dois fios cortados.
Cabelos. Máquinas.
Cabeças lenta-men-te
Des-pa-ra-fusando-se.
Falta de energia.
O bebê.
Bebe. Toma.
Não se lembra?
Eis a prova.
De nossa mecanização
Industrial?
Humana.
E assim dá-se
corda nos brinquedos
Antes de dormir.
E os sonhos são
Livres. Internet banda-larga.
Nem eles.
O bebê!
Onde?
Vá. Engula os sapos.
Todos.
E veja só as moscas acumuladas
Ao-seu-redor.
Sentimentos escolhidos a dedo...
Tudo natural...
Ser inatural.
A mentira é que é
A grande verdade
O bebê morre.
Ei...
Erro ao executar o programa.
Documento decsonhecido.
Logof
Fios cortados.
Preconceitos cortados.
O mundo te diz não.
Volte a jogar,
Ou será excluído.
12/04/07 (Talitha Borges)
Viva de nossa mecanização.
A mudança de rotina
Enlouquece.
Robôs.
Trei-na-dos
Para fazer tudo igual
E perfeito.
Tudo igual
Tudo igual
Igual a tudo
Inpedindo-se os erros,
Controlando-os
Por programas humanos
Desumanos.
Fios cortados.
Pane. Pa-ne.
Alguém se lembra?
PANE.
O dinheiro enobrece
O homem.
Lem-bre-se.
Tudo igual.
Alguém se lembra?
Falta óleo
Engrenagens emperradas.
Falta de energia
Persona-calorífica.
Luz...
Acende-se
Apaga-se.
Dorme. Não esquece.
Dois fios cortados.
Cabelos. Máquinas.
Cabeças lenta-men-te
Des-pa-ra-fusando-se.
Falta de energia.
O bebê.
Bebe. Toma.
Não se lembra?
Eis a prova.
De nossa mecanização
Industrial?
Humana.
E assim dá-se
corda nos brinquedos
Antes de dormir.
E os sonhos são
Livres. Internet banda-larga.
Nem eles.
O bebê!
Onde?
Vá. Engula os sapos.
Todos.
E veja só as moscas acumuladas
Ao-seu-redor.
Sentimentos escolhidos a dedo...
Tudo natural...
Ser inatural.
A mentira é que é
A grande verdade
O bebê morre.
Ei...
Erro ao executar o programa.
Documento decsonhecido.
Logof
Fios cortados.
Preconceitos cortados.
O mundo te diz não.
Volte a jogar,
Ou será excluído.
12/04/07 (Talitha Borges)
quarta-feira, 8 de abril de 2009
O Ator
Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para ele permanecer indiferente às desgraças ou alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu na sua vida.
Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingí-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que por desencanto ou medo se sujeita, e inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.
Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. Os atores, eles, e não os diretores e autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.
O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas o ator tem que se conscientizar de que é um cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade e, sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de sua personagem, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.
Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajante solitário, sem bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem. E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado. Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter não é o dinheiro, não são os aplausos. É a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica.
Plínio Marcos
quarta-feira, 1 de abril de 2009
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