As pessoas podem ser classificadas a partir das bebidas que tomamos com elas. Afinal, não se toma qualquer coisa com qualquer um...claro que essa escolha nem sempre é consciente, mas há sempre aquela pessoa que tem tudo a ver com a espiritualidade que traz tal líquido.
A começar com um exemplo curioso: só há um apessoa com quem compartilhei a mistura café quente com limão e manteiga (em pequenas doses, é claro), e essa pessoa é a minha avó. Segundo a própria, essa mistura (exótica) era um santo remédio pra tal da rinite, da qual eu tinha crises horríveis (mais horríveis que o café com manteiga), então lá estava eu sempre a tomar o tal café/xarope. E minha avó me acompanhava, não por ter rinite, mas para me encorajar. E não é que por fim acabava ficando até gostosinho o tal troço, e minha avó se esforçava para segurar a careta e eu nem um pouco. Isso nos unia, enfim.
Há na bebida, quase sempre, um sentido de união: compartilhar o canudinho; beber no mesmo copo; brindar à vida; mobilização de todos da mesa quando por acidente derrama-se o líquido que escorre para o chão; açúcar ou adoçante?
Vejamos o caso da cerveja: aquilo, definitivamente, não é gostoso, se levarmos em conta o paladar amargo; no entanto, determinadas pessoas conseguem transformar esse líquido gelado em cálice divino. São as que tem aquela presença filosófica, que se intensifica ainda mais, transformando o ato de brindar em religiosidade. Aquelas que bebem a mesma quantidade, no mesmo espaço de tempo, respeitando a sintonia da conversa, corporal ou literal. As pessoas para se beber cerveja são as capazes de mudar o sentido da rotação terrestre - ou colocá-la em seu lugar.
Ah!... e as acompanhantes para o chá... chá quente, no caso. Abrindo aqui um parênteses, tomo nota de certa artificialidade que há no chá de saquinho, aquele que vem em porções indeividuais e que é sempre um mistério o conteúdo do simpático recipiente - alguém já experimentou abrir um? Por isso, apenas meio viva! à praticidade. Essas pessoas - enquanto estamos a dividir o líquido fumegante - nos transmite a efêmera sensação de calma e tranqüilidade. Impressão errônea. Essa reunião para o chá é apenas uma maneira de acalmar a água fervente que borbulha dentro de nós, e também de controlar nossa brutalidade física treinando em xícaras de porcelana. Sorvemos o chá e evaporamos segredos.
Já experimentou chamar alguém para tomar iogurte? Os iogurtes são engraçados, especialmente na hora do bigode tão característico e essencial, aquele que vai fazer a sua companhia rir e tentar te avisar de tamanho descuido. Se quiser chamar alguém para esse tipo de bebedeira, prefira aquelas que não dispensem um bom passeio pala infância - que pode ser de morango, frutas vermelhas ou pêssego - e queira rir e gargalhar com as cordas vocais amaciadas pela lactose.
Pois vamos então aos destilados, essas bebidas alcólicas extremamente ácidas para o estômago e básicas para os corações. A primeira dose nunca é aclamada sem que - ao menos - uma das partes participantes deseje quebrar ou criar rachaduras nas moralidades paralisantes... a seu próprio favor ou em favor dos favores do outro... Os destilados devem ser utilizados com moderação, devido aos potenciais, às vezes obscuros, que são capazes de trazer à tona. As pessoas para se compartilhar são as que te dão um bom dia feliz no dia seguinte e/ou que saibam rir com sinceridade de todas as baboseiras sinceras ditas no momento em que as doses foram abolidas e o gargalo tornou-se a medida exata.
Poderia ficar dissertando durante páginas e mais páginas seguidas sobre líquidos interessantes, refrescantes, aconchegantes, até preciosos, tamanha é a variedade de seres humanos e a necessidade deles em se hidratar. Desde a tão capitalista e prazerosa coca-cola até aquela água de torneira pedida no bar em dia de calor e de falta de moedas; ambas tomadas sem real conhecimento do que estamos a ingerir... entre milhares de outros líquidos conhecidos e deconhecidos... que enfim não daria conta!
Mas não poderia deixar de citar o que é exceção entre todos. Tomada em porções pequeníssimas e singelas, milimétricas...salínicas eu diria; costuma-se não ser compartilhada na degustação, por ser bebida customizada. Preferem-se os tecidos macios a tolherem os seus excessos, travesseiros, lenços, golas de camisas e similares, jamais o copo: eis aí as lágrimas. Fabricadas quando inevitável mar aquoso invade os olhos de sede, depois de tantas bebedeiras ou não.
Saúde!
Ah!... e as acompanhantes para o chá... chá quente, no caso. Abrindo aqui um parênteses, tomo nota de certa artificialidade que há no chá de saquinho, aquele que vem em porções indeividuais e que é sempre um mistério o conteúdo do simpático recipiente - alguém já experimentou abrir um? Por isso, apenas meio viva! à praticidade. Essas pessoas - enquanto estamos a dividir o líquido fumegante - nos transmite a efêmera sensação de calma e tranqüilidade. Impressão errônea. Essa reunião para o chá é apenas uma maneira de acalmar a água fervente que borbulha dentro de nós, e também de controlar nossa brutalidade física treinando em xícaras de porcelana. Sorvemos o chá e evaporamos segredos.
Já experimentou chamar alguém para tomar iogurte? Os iogurtes são engraçados, especialmente na hora do bigode tão característico e essencial, aquele que vai fazer a sua companhia rir e tentar te avisar de tamanho descuido. Se quiser chamar alguém para esse tipo de bebedeira, prefira aquelas que não dispensem um bom passeio pala infância - que pode ser de morango, frutas vermelhas ou pêssego - e queira rir e gargalhar com as cordas vocais amaciadas pela lactose.
Pois vamos então aos destilados, essas bebidas alcólicas extremamente ácidas para o estômago e básicas para os corações. A primeira dose nunca é aclamada sem que - ao menos - uma das partes participantes deseje quebrar ou criar rachaduras nas moralidades paralisantes... a seu próprio favor ou em favor dos favores do outro... Os destilados devem ser utilizados com moderação, devido aos potenciais, às vezes obscuros, que são capazes de trazer à tona. As pessoas para se compartilhar são as que te dão um bom dia feliz no dia seguinte e/ou que saibam rir com sinceridade de todas as baboseiras sinceras ditas no momento em que as doses foram abolidas e o gargalo tornou-se a medida exata.
Poderia ficar dissertando durante páginas e mais páginas seguidas sobre líquidos interessantes, refrescantes, aconchegantes, até preciosos, tamanha é a variedade de seres humanos e a necessidade deles em se hidratar. Desde a tão capitalista e prazerosa coca-cola até aquela água de torneira pedida no bar em dia de calor e de falta de moedas; ambas tomadas sem real conhecimento do que estamos a ingerir... entre milhares de outros líquidos conhecidos e deconhecidos... que enfim não daria conta!
Mas não poderia deixar de citar o que é exceção entre todos. Tomada em porções pequeníssimas e singelas, milimétricas...salínicas eu diria; costuma-se não ser compartilhada na degustação, por ser bebida customizada. Preferem-se os tecidos macios a tolherem os seus excessos, travesseiros, lenços, golas de camisas e similares, jamais o copo: eis aí as lágrimas. Fabricadas quando inevitável mar aquoso invade os olhos de sede, depois de tantas bebedeiras ou não.
Saúde!