Sempre há um certo incômodo ao tentar responder à pergunta: " POR QUE VOCÊ FAZ TEATRO?". Como organizar e exteriorizar concretamente em palavras algo que se sente e isso basta?
Ao ouvir tal pergunta tenho enorme medo de me trair, pois os motivos não se resumem um uma resposta e sim num grupo de conjuntos diversos de respostas e sentimentos e prazeres e vontades revolucionárias. E então me embolo toda e não respondo coisa alguma! Mas afinal, por quê?
Vou tentar responder, mas antes preciso explicar que antes teatro pra mim era uma coisa, e isso no sentido em que eu via uma coisa só, e com todas as ampliações de percepção que ocorreram esse ano, percebi enfim sua multiplicidade, gerando um entendimento dos recursos do imaginário.
Em primeiro lugar, fazer teatro é a maneira que encontrei (uma das) de expandir toda essa imaginação que faz parte de mim; de transformar em realidade momentânea idéias mirabolantes; de viver além da vida; de ser mais do que sou e voltar à realidade sempre diferente de antes.
Em seguida vem a vontade de revolução, a fé na mudança pela erte, indiretamente. A vontade de soltar o nó da garganta, gritando sutilmente coisas que insistimos em não ver... ou nos ensinam a não ver... e fazer isso com gritos belos e nem por isso fracos. E pensando isso como questão social mesmo, melhor dizendo, humana, como porta para reflexões críticas e modificações concretas no di-a-dia de quem vê e faz.
E por fim (nem tanto assim...) percebi que o teatro é uma das maneiras que escolhi para lidar com a arte, assim como me é a literatura. A arte como artifício de desenvolver prazer, atitude e generosidade. Por ser uma arte que nasce da tentativa de ser completa, por sempre haver a possibilidade de unir sonoridade, plasticidade, corporiedade, literatura, imaginação e possibilidade de realidade, enfim.
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