sexta-feira, 24 de abril de 2015

Poema de amor primeiro







Ao me despir das roupas,
do mundo, do corpo
fui despida além da carne
(estarrecida)
As paredes, descascadas.

Me despi da paixão.

Onde havia? Não havia? A paixão onde estava?
Gasta, vazou por debaixo da porta, sem sobras para esse dia.

Foi então que inteiramente nu e sem paixão
o silêncio do mundo reinou e
pude verificar as sutilezas da sua realidade,
pedaço por pedaço, canduras, sombreados, difíceis dobraduras
até encontrá-lo, amor.

O silêncio reinou e pude verificar
que nua e sem paixão é que se pode amar:
Sem segurar com as mãos, tocar.

terça-feira, 7 de abril de 2015



Marimbondos sobrevoam a poesia.

Marimbondos sobrevoam a poesia que espera
a ferroada imperdoável,
a ferida querida,
a morte,
a vida.

Arranca-lhe o ferrão,
e tem-se o estampido, o verso, a canção,
  e um marimbondo, moribundo, em suas mãos.