segunda-feira, 26 de junho de 2017

Universo ou Anatomia da distância



Se nem os átomos se tocam,
quem dirá nós?




I.

Eu consigo vê-lo
mesmo enovelado
enrolado em si
mesmo 
inteiro velado
eu posso ver.

Você vive
em meus olhos
- eu consigo ver -
vivo em seus olhos
o universo particular.

Eu consigo ver à distância 
a distância 
entre as nossas partículas:
E quando te olho
reconheço ser
inteira a partida.

Você vive
meus olhos,
e eu vivo 
em seus olhos
um recomeço:

Feliz, reconheço que quando te olho me reconheço, mas
Triste, vejo as grandes distâncias entre você e eu,
E não se abraça uma ponte:
Se atravessa.



II.

É difícil enxergar de longe: 
As distâncias são imensas, os encontros demoram
e estou vendo tudo. É difícil enxergar de longe.
A ignorância não me refresca e os encontros demoram.

Quantas léguas de excesso e falta teremos que caminhar?



III.

Enfim, começo e fim, distante e próximo.
Mesmo diante da sombra da sua dúvida
Reconheço, vejo a luz e vejo o túnel:
Primeiro eu vejo a luz, depois o túnel,
Você vê primeiro o túnel, depois a luz.

Quando iremos nos encontrar?
No meio desse caminho
Onde há luz e escuridão a nos cegar?

Eu, que vivo a imersão, gostaria
de caminhar um pouco na sua construção,
aprender a viver.
Mas para isso você tem que conseguir sobreviver à imersão, peixe do universo, lama de estrela, e aguentar firme a convicção, cavar o próprio túnel, encontrar a luz. Não se perder na viagem ao interior. Saber voltar.

E eu saber ficar.

Você vê primeiro o túnel, depois a luz.
Eu vejo primeiro a luz, depois o túnel.

Eu consigo ver.
Quando iremos nos encontrar?








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