A respeito das escolhas políticas, irei me manifestar. Via de regra, evito e tenho evitado me partidarizar publicamente pois as relações político-público-partidárias não são passíveis de serem alcançadas integralmente, por estarem em redes discursivas, em cadeias de relações insondáveis. Eles estão presos em teias, difíceis de conceber como verdade.
Na prática, obviamente, tenho que fazer escolhas, mas atualmente são escolhas no nível das apostas sem paixão. No nível das apostas por sua natureza incerta. Faço escolhas observando as relações de sentido que me parecem mais favoráveis, considerando a realidade pública, os valores revelados e que mais se aproximam dos meus, no entanto, gosto de manter a autonomia intelectual para contemplação da realidade, que costuma ser - quase sempre - surpreendente.
Essa polarização impede a observação da realidade e das realidades, pois até o lado do qual me solidarizo pode ser cooptado em seus interiores. E no fim das contas é isso que eles todos querem: que tenhamos medo, que desesperemos, para que eles (Oh!) nos salvem com toda a certeza.
Participo sim do tecido social, e essa realidade me compete, por isso jogo com os dados disponíveis no cenário, voto nas eleições, faço escolhas diárias, me comprometendo com meus atos dispostos no cotidiano, com as pessoas, e também quando não tem ninguém olhando. Mantendo a autonomia intelectual de observadora, refazendo votos diários e não eternos.
Não me abstendo de observar rigorosamente aqueles que discordam de meus valores, com um olho vigilante, bem como de questionar o raciocínio daqueles que tem valores aparentemente afins, se assim for necessário. Assim tem sido feito, assim tenho conseguido dialogar e manter a concentração, autonomia interior e evitar o desperdício de energia. Que não estou esperando salvador nenhum.
Aqui ninguém é bonzinho, não. Nem eu.
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