sábado, 31 de outubro de 2009

As bruxas estão soltas... Ainda bem.

Que tal distribuirmos vassouras??

E que o pó dos céus não se acumule.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Máscaras

O artista e sua máscara
de super-poderes
ultrasônicos
e catárticos.

Subterfúgio do limite... 
Brincar de faz-de-conta
que conta que é
e desponta!

E com inveja do gato:
Sete mil vidas, pois sim!
E com a fome do rato:
Queijo sem faca , pois sim!

O artista e sua máscara
carnavalesca
Alma mergulhada em confetes
num sopro:

Canções de mamãe eu quero.

Intercalando quartas-feiras de cinzas
e serpentinas
não-venenosas.
Renascem nessa repetição.

Passaporte para as mil e uma noites... lhe darão
Bem-dormidas
Mastigadas e
Digeridas.

Passaportes concedidos com perdão
pelos canais cerebrais
ressentidos pela razão.

A alegria de sumir
e assumir com más-caras:

Carrasco, pastor e poeta
Apenas mudando a cor
do laço de fita.

Subterfúgio do limite...
Brincar de faz-de-conta
que conta que é
e desmonta.

Já são três da manhã
e sono envia o seu chamado
Lápis, tecidos e pele

Jogados ao lado

Mãos colantes de gesso
Tornando-me o rosto espesso...

Deitar assim mesmo vou
Mereço
Deixarei os movimentos espalhados
Amanhã acordarei com outro lado.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nada me faz parar. Só um beijo. Por um beijo eu paro. Me atraso, me adianto, como champnhons.

Aguçando a labirintite com uma garrafa de Contini e agora até me esqueci pelo que brindamos...mas sim da pizza com borda de gergilin: como ninguém havia pensado nisso antes?...

Um desenho feito com batata-palha no fundo do prato: borra de café no fundo da xícara: um beijo furtado, que antes percorreu a sola de meus pés, me sarapilhando pelas pernas, dando-me agulhadas de acupuntura no estômago e cócegas na garganta: sai e com razão.

É melhor escrever antes do banho, a presença do olfato muda tudo.

Nosso limite: a luz apagada. Um gato arranhava a a porta. Mordidas que doíam uma dor boa, que doíam uma dor nova. A presença Real da cama tornava o momento mais ansioso e apressado: segura forte esse segundo a tempo.


A chave da vida. Choque de  termômetros, rios levados ao mar. E o beijo já não era uma coisa à parte, era a coisa toda, era a amizade e a importância disposta em saliva no portão.


Um sorriso brilhou no escuro. Gargalha vai. E a labirintite me pegou pela manhã.

 

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

À Drummond

Desliguem a TV,
parem os negócios,
paralisem o trânsito:

Uma flor nasceu
no asfalto.

Paralisem.

No meio do caminho havia uma
vírgula
Havia uma
pato
no meio do caminho.

Pasmem.

Há um pato no rio Tietê.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O preto berrante.
Com seu berrante protuberante.
A olhar o céu pretuberrante.
Diz:

-Lua nova...

domingo, 4 de outubro de 2009

Emergência

de Mário Quintana



Quem faz um poema abre uma janela.

Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
 

sábado, 3 de outubro de 2009

Metáfora

Lá estávamos. A sós, finalmente... prontos um para o outro... com um desejo impaciente de senti-lo derreter dentro de mim... E lá estávamos no banheiro da escola, fugindo loucamente dos voyeurs de plantão e da tal legislação da tal escola que não permite certos atos durante a aula... Ok, confesso ter sido um ato de extremo egoísmo... não queria dividí-lo com mais ninguém, assumo com certa culpa discreta. Saciar. Só isso importava... e que fosse para o espaço a prova semestral, juntamente comigo para as estrelas...

Prontos um para o outro... o medo de um fim do mundo precoce nos desajeita, a saliva acumulada me tenta escorrer por entre o canto dos lábios e queixo... a escolha: o último box do banheiro, obviamente, bem... nem tanto, afinal o trinco quebrado de acelerar mais ainda os corações. Arranco, rasgo sua roupa... embalagem frágil e fácil... com certo amor violento e pseudoeterno devorá-lo vou...

O chocolate derrete com o calor de minhas mãos, vou levá-lo à boca... e numa fração de segundo escorrega de minhas mãos rosadas, tento em vão e com desespero evitar tal fim e desastre apertando-o com toda força de minh'alma:

Ele cai dentro da privada e eu num precipício de amargura. Levo as mãos à cabeça em suor, por um segundo penso em salvá-lo... hesito. Olho para a porta do banheiro e lá alguém escreveu a fórmula da velocidade gravitacional. Lembro-me do Alpino que está em meu bolso e tranquilizo-me. Enxugo uma lágrima que cai, misturado com o suar da emoção. Não olho para trás.



Texto original escrito em 18/09/2006, com edição atual.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

No arco da íris

"Fecho meus olhos e eles continuam abertos por dentro"
Gabriel Moraes



Fecho meus olhos:
eles continuam abertos por dentro,
Transgredindo o sono.

Sonhos num piscar.
Necessidade das pálpebras fechar:
Cílios a voar.

Lágrimas como forma de libertação
dilatada para o mundo:
Salmoura corrente na veia.

Idéia incoerente na teia
das visões alteradas e
claramente remeladas.

Fecho meus olhos:
- Conjutivite duvidosa
pelas massas, contagiosa.

Janelas

Da alma num click
fotográfico:

-Sorria, você está sendo flagrado.