Alegre e triste ao mesmo tempo.
Forte e claro.
Como os seus olhos, pesados e doces.
Como os cachos, macios e desenhados.
Apesar de grande, deixa certo rastro de sopro no ouvido.
Apesar de medroso, não fecha os olhos no escuro, ouve,
E deixa o tempo passar, com a pressa nas mãos.
Aquece o próprio hálito com a chama do cigarro -
Fuma e escova os dentes
Com a mesma sensação de sobrevivência.
Desenha.
Para que rabiscos tenham sentido
Nesse mundo linear.
Observa atento, forte e lento
O crescer da grama
Para que possa arrastar os pés
Sob as mordidas das formigas.
Eis que é cigarra.
Não cabe na casca
E deixa a poesia no mundo.
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