domingo, 22 de julho de 2012

Gentilezas



Que escorre pelas saias
Mesmo que as amarre
Em um nó de figa.

O maior será o que transpor
Paredes e tecidos e tecidos e tecidos
Celulares após recriar as regras seculares

Da flor.

Há que se cobrir de silêncio o grito
Do diálogo universal dos corpos
Epiteliais e nervosos e sãos que são

A dança de dentro para dentro do outro.
Na intenção momentânea de unificação, para que haja
Mais espaço no mundo – plano ineficiente.   (Deus nos enganou)

Que se derretam ao encontro firme e macio,
E se desaguam sempre consumindo
os próprios líquidos que choram por outros olhos

A consumação da realidade que é esta e máxima
Um alimentar-se da sopa do suor do outro – salínico
E das proteínas e lipídios do outro – que é doce.

Na repetição das ondas incansáveis,
Que vagam, divagam, vagam e divagam, vagam, divagam
Eternas e sôfregas  na ida
Eternas e diluídas na volta.


Resfolegando oxigênio pelo espaço deixado pela língua
De um só fôlego: o mundo dos canais abertos pela força

De um mar.

Que gentileza: morrer afogado e voltar a respirar pelos olhos de um recém-nascido.




segunda-feira, 16 de julho de 2012

Fugidio

                       

                               Para Lucimara Amorim
                                       E para Matheus Youssef.
                                     



Ninguém irá me salvar:
Eu não deixo.
Jamais permitirei tamanho desleixo seguro
Que me manterá nas redes dos pescadores bons
Enquanto morrerão os maus de fome e sem nomes.

A injustiça doerá não em mim,
Que serei sem vingança,
Sem fiança,serei solta e terei de fugir
Da salvação que é um peso que
Só se aguenta morrendo.

E serei viva e mentirosa
Para sempre. Até o último julgamento.

domingo, 15 de julho de 2012

Indispensável

               
           



Algumas roupas penduradas
Outras tantas à campanha
E toca uma campainha
É um sino de ouro que
bate em forma de tiro
Acerta o peito, deixando
na roupa um buraco
No corpo a distribuição de
um vermelho, tão forte, mais
tão forte, que alguns não o
podem ver
Indispensável a arma mira à
cabeça; bem da onde não há chapéus.


                                            De um poeta que o poema diz mais que o nome.