domingo, 24 de março de 2013

A Lua




                                                                                                 Para Isabela Basso





Olhos imensuráveis, olhos crescentes, suaves
Olhos inenarráveis, olhos de lua, transitáveis
Olhos infinitos, pousaram sobre mim sem saber de mim, eu finito
Acabei-me ali, mole daquela escuridão, a cegar-me do mundo.
Ah! olhos dolentes, Ninfa, tira-me o ar, a dureza das pernas,
A razão, a corrente, mas não tire esses olhos de meu peito dormente.

Olhos escondidos no eclipse, auréola de fogo suave à queima-roupa
Olhos no mistério, queima-me, trapaça, que segredos são fumaça.
Olhos crescentes, transbordantes, um mar noturno sem espumas onde agarrar-se,
Sem barco que me governasse, sem terra à vista eles crescem, escorrem suas órbitas
Invadem-me sem escolha, e quando caem dentro de mim, caída estou
Afogada, segurando a Lua.

Meus olhos, baços, sem brilho, morreram nos seus, anjo de auréolas nos olhos
Morri, estou no céu, e o céu dura um segundo.

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