Do suicídio não desejou nem as nuvens,
nem o voo. Desejou resistir ao concreto, quebrá-lo em pedaços, destruir a
cidade e voltar a pé.
Suspenso ficou no tempo dos homens
A sua angústia. O seu relógio. As suas cores.
Seus olhos
Seus olhos
Curiosos e inquisidores tanto penderam para baixo,
Para cima, para baixo e para trás que saíram da órbita da vida.
Mergulhou num voo ébrio, desassistido
Retirou-se num pulo, frágil gato de sétima vida apressado
Suspenso no ar -
caiu de tão sóbrio, de tão sólido caiu em pé.
Nunca entregou-se por completo:
Nem aos sonhos. Nem ao concreto.
-
-
A alma observa, incapaz, suspensa do lado de fora:
Científico, enfim, matéria, enfim, a certeza, enfim, a
resposta, enfim.
Não era isso o que queríamos, rato curioso e faminto?
Estruturas de carbono, água e
óleos - sem perguntas?
Descansa agora suas respostas,
caladas agora, calmas.
Sem alma, sem dor, ecoa em vasos de
flor.
Descansa, que as pessoas te amam agora, que você não existe mais,
Amam sem peso, a você, que caído é admirado, justo, fiel.
E por isso mesmo escolheu consciente o chão ao
céu.
(Publicado no livro "Coletânea de poemas", III Prêmio de Literatura, Editora Edufes, Espírito Santo, 2016)
Um comentário:
Thali, você está no apogeu.
Postar um comentário