sexta-feira, 5 de julho de 2013

Do riso

                                                                                              Dedicado aos companheiros de humor.


Gargalha para não cair na melancolia,
Ri antes dela, inibindo-a à revelia.
Assusta com ruídos! Lúcido desvio                             
É a surdez  num desvario.

Gargalha para não cair no ridículo,
Ri antes dele a risada tua e ridícula,
Do julgamento e estigma livra-te, chulo:
Do rir por último livra-te, divertido 
- e inevitável -  jogo de espelhos invertido.

Gargalha tua timidez, que é da moral a flacidez,
Ri, sonoro, antes dela, avermelhai em socorro
Pele, dentes, olhos e os fundos de sua confiança
Numa explosão anterior e superior à tua confusão
- vai, paga tua fiança.

Gargalha, mergulhai no desespero, ri dentro dele!
Bebida sem gargalo, sem solução, ruidosa,
Um escândalo de vida sem licença
 - ecos num poço com fundo.

Gargalha no silêncio, e sê superior às leis, à atenção, ao pacto, à aliança
 - à palavra.





Ao cessar o riso, inevitável: poetizo.













(Publicado no livro "Coletânea de poemas",  III Prêmio de Literatura,  Editora Edufes, Espírito Santo, 2016)                   





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