segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Carnavalesca



As ruas cheias e breves, como a vida, e eu comovida:


O silêncio das lantejoulas,
o equilíbrio dos bêbados, 
a aproximação do desconhecido, 
a música do esquecimento, 
a suspensão da ordem, 
as mulheres: homens da subversão. 

Chovia, chovia, e como a chuva selecionava os participantes da festa, eu ria como um rio
de renúncia e segredo, urinando em pé em meio à tempestade, 
a chuva denunciava a nudez por debaixo das roupas, sim, a carne da normalidade! 
eu via, e como via: lá estavam nos blocos do concreto as fantasias de coragem! 
Eu atirava e os policiais do medo abraçavam-me pedindo liberdade e perdão, folião, 
ferida na boca calada da noite, sorrisos largos como ventres armados, mata e condensa, tira!

Caída no chão da vida que era avenida, ninguém veio me socorrer, e era doce a gentileza de deixar passar.

Serpentina, repentina.



Que rua é esta que nunca entrei? Todo esse tempo a pulei e agora pulando encontrei?





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