segunda-feira, 9 de julho de 2018

A hora do espanto




Às vezes
Esse corpo que habito
(ou que habita em mim)
dá medo.

E nem é preciso deitar no papel
Os monstros, as sombras, as sobras...
Apavorada, eu corro!
quero sair dessa casa, eu mato, eu morro!
mas se correr é com as pernas,
mas se falar é com a língua...  ah! 
e esse corpo que habito
dá medo,
como pedir socorro? parada?

Parada eu morro de medo!
mas correndo viverei espantada,
fugindo do próprio espírito,
querendo sair dessa casa, 
do incômodo, do imóvel, grito 
e me mudo:

se correr é com as pernas..
levarei comigo os motivos
nesse corpo que habito...
e morrerei correndo,
se eu viver parada...

Por isso 
ao ouvir o barulho das correntes
infinitas (que não me prendem)
finjo fugir, finjo ficar -
na hora do espanto incoerente
ando bem devagar.

Depois tudo passa, medito:

em cima do muro
 ou diante do espelho
é cada quarto escuro,
é cada luz que acende! 

E cada vez observo, menos parva,
a magnífica casa mal assombrada

a morada
  e o parque de diversões.















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