Restaria
para si a companhia tumultuada da solidão,
Certa
gravidade e mistério dos que sabem mas não proclamam,
Alguma
elegância de vento frio sob a luz do poste.
Para si
restaria o sussurro, que os encerados diriam fantasmas.
Seria sim e
escolheria o deboche entre lençóis furados e em posição de ataque
Sobrenatural, que parece ao ébrio uma lembrança, e ao sóbrio uma cobrança.
Restaria
para si os líquidos. As lágrimas. As chuvas. As doses. Os leites.
Que
escorrem, que se vão, os viajantes em eterna transformação
A se
banharem em rios estrangeiros e respeitar cada porto, cada nó, cada âncora,
Cada língua
e cada céu que estrelasse por um mar de saliva.
Seria sim e
engoliria os peixes, os sapos, os príncipes, as bruxas cabeludas e a calma.
Pois comer é
deixar que se adentre, é assumir que se é também espaço vazio.
Restaria
para si os piores segredos dos outros,
que guardaria sem escolher,
Sendo
mentirosa explícita, emudeceria
naturalmente ao dizer a verdade.
Restaria
para si o que todos jogam fora da vida –
mas proclamam na hora da morte.
No entanto, ela mesma não restaria. Má sorte.
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