Acabam-se as folhas do caderno; a ponta do lápis está quebrada; a tinta secou. Mas não adianta: os pensamentos continuam brotando em minha mente e aspiram ser espelidos, e insistem em me alfinetar, em me atormentar, em confundir e fundir a minha realidade. Neurônios a mil, sempre prontos e dispostos a tudo, topam qualquer parada, ou melhor, acelerada. E se em algum instante me mantenho em silêncio... lá estão eles a me fustigar... a me obrigar a ter que dizer e sentir algo: SOCORRO ESTOU SENTINDO TUDO.
Rostos e risadas merencóricas surgem em movimentos. Coisas que poderiam ter sido. Coisas que poderiam ser. E o que é, afinal? A obrigação de ser vulcão, destruindo e adubando para que nasça outra vegetação, que não é a minha. Vontade de covardia. Vontade de não produzir nada, de não ter que ser nada, de não projetar as pessoas: lente convexa.
Aprender a escutar o que o silêncio diz. E descobrir que pode ser nada. Aceitar que há coisas que eu nunca vou descobrir. Um dia após o outro. E que seja, enfim, o segundo existente.
Comprei um caderno de dez matérias.
Um comentário:
Adorei o que escreveu, sinto isso também. A cabeça não pára, pensamentos brotam a mil, e a mão chama o lápis...
Parabéns.
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