Com um pedido de calma
Deita-se na rede multicolor
A mesclar tranquilidade e tensão
No ranger de um parafuso frouxo
Range rugindo sonhos
De um balançar intermitente
De alma evaporada
Que valsa aos sons aquáticos
Do banho do vizinho,
Este que desafinando
Lapida a grossura da vida.
Com um pedido da alma
Deita-se e lê,
Num embalar seguro de seres ficcionais:
Turistas na imaginação
De um ser de fronteiras
Que guarda na fronte da ilusão
A calma evaporada.
E perde todo o tempo que lhe é possível,
Imaginando serem os minutos horas e
Os segundos gotas de chuva
A serem engolidas (primeiro)
Sente poder.
Mas cede ao sol que lhe queima a cara
E espera, pacientemente
Que outra nuvem o cubra.
Espera imóvel...
Tempo necessário para que um cachorro
entre pela janela.
Os olhos ardem mas não os fecha,
Afinal, poucos são os dias em que
Se experimenta o andar de uma nuvem.
O livro ficou chato.
Choveu. (segundo)
E o ranger do parafuso frouxo mantém a casa em pé.