quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Leveza

  Um quê de transgressão. Foi o que senti ao ver todas as minhas notas do semestre altas e entre elas um zero, zero vírgula zero, assim redondo. Foi uma sensação de liberdade e de vida. Estranho, mas vivo.
  Liberdade por se saber competente e, mesmo assim, se perceber numa realidade inventada a partir de uma nota que lhe apresenta uma mentira, eis aí não, a essência da arte? A invenção? Senti-me transportada à imaginação de alguém, mas que independente disso a realidade ainda existia, e eu podia qual das duas verdades viver.
  Transgressão porque nota baixa pareceu-me simbolicamente rebelde, libertário até, quase uma rebeldia deliciosamente infant-juvenil de destaque estudantil. Como se a urgência de vida tivesse me tirado o tempo para alcançar a jóia-rara de nota, inexistente. Como se eu tivesse tido escolha. Como se eu pudesse SEMPRE ter.
  E dormi com a consciência leve.




                                                         22/07/2010

Um comentário:

Lucas Alves Ferreira disse...

Thali, estou chegando à conclusão de que você adora a Clarice Lispector.