quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Varear

  Entrei na universidade. E quão limitado pode ser esse mundo, um mundo à parte, uma grande comunidade - muitas vezes - pouco variável. Que bom enfim estudar e estar em contato com o estudar e o fazer teatro, mas de repente que sua vida resume-se à universidade e seus temas: de provas à festas os assuntos se esgotam rapidamente entre coisas que já se sabe que serão ditas. Que saudade de debates ardidos, com opiniões diversas e quentes; da rebeldia a partir do copo de cerveja onde dalí partiríamos para o Mundo, e o mudaríamos!
  Há horas em que sinto não ter assunto algum, sentia esse incômodo silencioso mas não percebia que ele estava lá por falta de variedade e abertura para o mundo (minha?). O Rio de Janeiro estava em uma espécie de guerra e durante esse tempo não ouvi nenhum comentário sobre isso na universidade. É assustador tamanho fechamento.
  Eu acordo, encontro certas pessoas, trabalhamos juntas, almoçamos juntas, o dia todo  realizando ações comuns, e à noite, ainda tenho que me divertir com as mesmas pessoas, conversando exatamente sobre o que fizemos no dia! De onde eu vou tirar vida para que se faça a arte? De onde?!
  Quão rica de informações é esta pequena especialização que ocorre na graduação, no entanto quão limitante, e às vezes asfixiante é entender um assunto muito bem, ou tentar entender. As páginas dos livros correm, as descobertas técnicas acontecem, tá, ok, mas o mundo gira.
  E eu quero girar com ele.
  E me assusto ainda mais quando percebo que se busco entrar no mundo artístico, automaticamente vou ter que girar com eles e isso causa-me tonturas. Girar SÓ com eles. Especialistas. Isso cansa, é preciso a variabilidade viva.

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