quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Cidade das grades de ferro,
dos corredores de fumaças, flores,
as marginais, os marginais
se abrem para que eu entre e me solte.


Jardim de concreto a florescer prédios:
Casas da árvore e céu arranhado
numa tentativa de raio.


Me coloca sobre a visão panorâmica
da solidão de ser coro,
passageiro e espécie.


Grande em tamanho possibilita a fuga
das regiões,
seres que acreditam em
pé de feijões:
temendo agora os gigantes camburões.


Nessa cidade, dióxido de carbono - necessidade.


Obstrui pulmões, conscientizando oxigênios:
respiração normal para ingênuos.


Cidade natal para além das luzes
de enfeite anual e cruzes !
Fez-me assim: pixação em muros.


Conforta-me em sua vasta amplidão
de segredos em cantos escuros. 
Revolta-me em sua coesão 
de felicidade com óculos escuros.


E tudo é tão concreto.
Tão escancarado que se torna anônimo.
Tão concreto. De concreto.
No concreto.


E tudo é tão concreto.
Que clama poesia.


Ipês amarelos na calçada cinza.
Cocô mole de cachorro num sapato duro.

2 comentários:

Lucas Alves Ferreira disse...

Ai, Thaly, voltar a viver em São Paulo é muito chocante, né?

Parece que abre a cabeça de novo...

Talitha Borges disse...

Sim, nossa... uma amplitude!